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Por que Ciclos Não se Fecham no Fim de Ano

Os textos de fim de ano muitas vezes são aqueles que se propõe a um balanço do ano que passou, como um ciclo fechado. Se pensarmos em resultados, ok, existem projeções, metas e cobranças, portanto cabe determinar um fechamento para efeito de comparações. Entretanto, gostaria aqui de colocar não uma visão de fechamento de ciclo mas a ideia de um ciclo no qual o movimento anterior origina o movimento seguinte e se aprofunda a cada volta, como um movimento de espiral, que é o conceito de recursividade de Humberto Maturana (1).

Na prática, quando eu comecei a dar os primeiros passos na transição de carreira corporativa para a carreira solo, a da criação da minha marca, eu busquei fazer o que faria sentido para o objetivo que tinha em mente. Entretanto, a cada curso, a cada contato ou cada sessão de coaching, eu dava um passo que nem sempre era o planejado mas ajudava a aprofundar a conceito de trabalho que eu buscava.

Assim como em um corrida de carros em um circuito, o piloto aprende de antemão a memorizar e antecipar cada curva, cada lombada e cada ponto aonde ele não pode sair do das linhas do circuito, mas o sucesso final não está somente neste conjunto de atividades mas em como pode distinguir variáveis e fazer as adaptações. Ao longo deste ano, por exemplo, tinha uma visão do circuito que iria percorrer no inicio, mas, a cada volta ou ciclo, apareceram novas variáveis que foram sendo trabalhadas às anteriores e para quem trabalha solo e em rede de parcerias, estas distinções, conforme aprendi no coaching ontológico (2), fazem a diferença porque tudo o que fica pendente do ciclo anterior serve para testar, aprender a mexer e acreditar para se preparar para a nova volta.

Como escreveu Humberto Maturana, tudo é uma série de coordenação de ações que vão se encaixando em uma rede complexa. Entretanto, as ações devem buscar: Coerência com que falamos e assumimos como compromisso, algo que parece fácil mas nem sempre é simples e (2) estar em linha com o que assumimos como propósito e valores.

Em suma, cada ciclo é reflexo de como agimos pela nossa coerência mas atentos ás distinções que podem aparecer e conscientes de que se voltamos ao ponto de partida, não é a chamada ”estaca zero” mas ao ciclo anterior que recomeça e, ainda que seja  de outro jeito, ele não deixará de ser recursivo e não acaba.

Um bom ciclo recursivo a todos, mas, porque também não dizer, bom 2023.

  1. Humberto Maturana (Santiago Chile, 1928-2021) – Formou-se em medicina na Universidade do Chile e em Biologia na Univesity College de Londres, e Ph.D. em biologia pela Universidade de Harvard. Maturana teve grande influência sobre a ideia do pensamento sistêmico ao trazer os conceitos da biologia para o estudo da linguagem e das emoções. Para ele, cada organismo e cada indivíduo é uma história de vida coerente com a história de mudanças estruturais do meio em que ele existe através de uma congruência entre organismo e meio, somos resultados de nossas histórias particulares com o meio.
  2. Agradeço o aprendizado de Maturana nos cursos da professora Karita Ribas no Território Appana.

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