O que pensa em relação a investir em bioeconomia como um futuro desejável ? Seria trabalhar uma cadeia através da sociobioconomia ou trabalhar uma solução que baseada em informações ou matérias-primas extraídas da natureza ?
Na prática, a bioeconomia é uma cadeia que pode envolver todas estas etapas, isto é, começando lá no produtor e que vai se transformando até chegar ao produto transformado e ao consumidor. Ao final, é a construção de interesses convergentes. Neste sentido, estes interesses exigem estabelecer conexões e colaborar em redes com transparência e informação.
Qual é, portanto, o contexto mais amplo ? Uma forma de pensar a bioeconomia como um processo de transformação é usar o conceito de Três Horizontes e as curvas de acontecimento.
A estrutura Três Horizontes é uma metodologia desenvolvida no IFF (Insitute for the Future) que descreve padrões ou formas de fazer coisas e suas interações que evoluem com o tempo mas também pensando em uma visão de futuro desejável.
O que seria, então, uma visão de futuro ? Através de estudos de mercado, pode ser identificado que consumidores demandam produtos que minimizem agressões a natureza e sejam valorizados por isso, ou seja, como podemos ver a bioeconomia dentro deste futuro desejável ?
Um exemplo é o uso de microalgas no tratamento de efluentes e posterior transformação em energia e bioprodutos. Outro exemplo é a bioeconomia circular, através da qual o desperdício de um lado é a entrada do outro lado, o que requer uma visão sistémica das grandes cadeias de valor. Um trabalho em economia circular dentro da bioeconomia, portanto, é um exemplo de transformação assim como inovações inspiradas na natureza que impactem utilizando menos recursos naturais.
A visão de longo prazo, deste modo, exige adaptabilidade e experimentação. Bill Sharpe (1) disse que a essência da prática dos Três Horizontes, ainda que desenvolvida pensando em ambientes de cultura regenerativos, é ver os horizontes como perspectivas para processos de inovação e criação de produtos.
Fonte: Daniel Christian Wahl (1)
O Horizonte 1 é baseado em práticas que estão em andamento e que possuem experiência comprovada. Ele representa o “status quo”, o que, por exemplo, mantem uma situação de fornecimento via cadeia de fornecedores inalterado sem uma proposta alternativa.
O Horizonte H2 está ligado a perspectiva de criar um novo produto ou ação que mude a perspectiva do H1. O Horizonte H3, por sua vez, representa práticas regenerativas ou inovadoras que demandam antecipação e constante aprendizagem em resposta a uma demanda sistêmica.
Uma vez que H3 atinja um npivel de maturidade, este torna-se o H1. Daniel Christian Wlall, porém, lembra que podemos enfrentar “falsos picos” de H3. Na prática, todos os horizontes são trabalhados em perspecitva, como lembra Bill Sharpe, sendo H1 o mundo das coisas existentes, o H2 o mundo do empreendedor e do projeto com potencial e o H3 o mundo da transformação e das possibilidades futuras.
A Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) estima que seja possível gerar US$ 284 bilhões anualmente, até 2050, de faturamento industrial nos setores de agronegócio, de alimentação, farmacêutico, de cosméticos e de genética. Fonte : A Floresta em Pé e a Bioeconomia da Amazônia – Jornada Amazônia
Um processo de mentoria ajuda a entender a visão dos problemas nestes horizontes, identificar as vocações, propósito e resolver os sintomas separadamente, assim como os gargalos existentes em H1, para que possam desenvolver experimentos em H2 e chegar em H3.
Montar um projeto, em uma visão de design thinking, ajuda a trazer as ideias transformadoras que tragam soluções para a realidade. Para focar no cruzamento dos 3 horizontes, é necessário uma boa gestão de projeto que proporcione uma Intervenção consciente a respeito do desenvolvimento e dos riscos potenciais e identificáveis com o objetivo de deixar na mesma página os stakeholders e sponsors.
A gestão também ajuda a assegurar que quem investe em bioeconomia esteja alinhado com os propósitos de sustentabilidade e indicadores de performance relacionados aos critérios ESG (Ambiental, Social e Governança) de forma que o que se projeta como transformação possa ser demonstrado através do chamado cruzamento de horizontes.
Por fim, não é possivel transitar pelos horizontes de transformação sem uma estratégia de comunicação e posicionamento para o projeto.
A Trilhas da Bio busca, em suma, contribuir para que empresas possam planejar, implementar e avaliar seus projetos de forma mais eficaz e orientada para que criem ambientes transformadores.
(1) Crédito : Daniel Christian Wahl Os Três Horizontes da inovação e a transformação cultural https://medium.com/@designforsustainability